Se tu considera que austeridade em tempos de crise é medida pra sair do fundo do poço, concordaremos em discordar. Tá lá o experimento europeu desde 2011 demonstrando o que acontece com quem insiste nessa conduta,
com até o FMI admitindo que dá merda.
Eu acho que depende de algum contexto. Por exemplo, se a tua economia num geral segura o tranco de fazer a dívida.
2008 por exemplo foi uma crise de crédito por causa do esquema de pirâmide que virou a economia americana toda. Aí o pacote de estímulo do Obama pra manter o consumo enquanto o crédito quebra ajudou.
Em Portugal, a austeridade deu bons frutos, eles começam a se recuperar. Na Grécia, até onde li, nem tanto.
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Tem também a questão de como se gasta. Se o "keynesianismo" brasileiro tivesse sido construção de infraestrutura, etc e tal, estaríamos melhor hoje. Ao invés disso foi basicamente o BNDES apostando dinheiro num grupinho de empresas amigas, a maioria que quebrou. (a exceção foi a JBS, lol). As PAC mesmo foram essa coisa de uma quantidade enorme de obras sem muito sentido, o que só tem nexo num país que não precisa investir em coisa do tipo saneamento básico.
Aí o nosso modelo de desenvolvimentismo via BNDES gera os dois problemas ao mesmo tempo, né? A gente cria uma bolha de crédito estimulada artificialmente pelo governo e, ao mesmo tempo, gasto que não se converte em nada.
Sobre isso, o que a JBS tem a dizer sobre o Temer gera o baque político de agora, pois é o presidente etc e tal, mas o que ela tem a dizer sobre o Mantega e o BNDES é muito mais destrutivo ao longo prazo. A Dilma tava pedalando pra pagar o Bolsa-Família enquanto incríveis quantidades de dinheiro estava indo para coisa do tipo JBS e Odebrecht via banco público. E até hoje o Lula acha honestamente que isso é receita de geração de emprego e que o Moro é responsável pela crise por ter denunciado que nunca teve a ver com criar uma forte indústria nacional, era só troca de favores mesmo.
Acho que no nosso contexto, o que o governo tem que fazer é cuidar da própria casa por um tempo. Colocar as prioridades em dia. Aí se um dia existir sanidade nesse país, voltar a investir, sabendo que tem que gastar em esgoto, não em empresa de celular.