Não é discurso de Facebook. Se você acha que ela cometeu um crime de responsabilidade, seja feliz com a sua certeza. Porém essa é uma questão controversa e não há um consenso se pedaladas e decretos orçamentários são crimes dignos de impeachment ou não fora de círculos petistas e anti-petistas. Por exemplo, recentemente o MPF conclui que a Dilma não pode ser responsabilizada pelas pedaladas (responsabilidade é da equipe econômica). Ao mesmo tempo, com certeza há juristas renomados que defendem o contrário. Além disso, o TCU não considera crime o Temer editar decretos orçamentários sem autorização do congresso. Qual é a diferença desses decretos pros da Dilma? Tu pode achar que não há dúvidas quanto a motivação do impeachment, mas isso não torna a questão um consenso.
Mas esse é o ponto, na minha opinião. Você (e juristas de respeito) acham que não teve crime. Outro pessoal (e juristas de respeito) acham que teve. Quem decide é o supremo, que decidiu.
Nesse sentido chamar de "golpe" parece coisa de torcida de futebol, sabe? Marcou pênalti contra o time, o juiz é ladrão. Bah.
Se é para ter um controle sobre o presidente, porque não um referendo sobre novas eleições que pode ser convocado por 2/3 do congresso após 1 ano e meio de governo? Assim, se o povo considera que o presidente faz um mal trabalho, pode "demiti-lo" depois de um tempo. Desse modo o presidente não é refém do congresso, mas sim do povo.
Sim, deveria ser seguido de eleição, necessariamente. Impeachment sem novas eleições é sempre um problema. A gente meio que deu sorte que o bananão do Itamar deixou o FHC dar os pulos dele, mas a noção de que um presidente é problemático, mas não o seu vice é problemático.
E acho que nenhum brasileiro sairia na rua pra defender o Temer. (que é porque eu acho que esses protestos de 31/07 uma palhaçada. Você tem "dois lados", defendendo, em grande parte, a mesma coisa, que são novas eleições, mas numa briga teórica e sem valor sobre o que teve foi golpe ou não).
Não é a mesma coisa que dizer que "não se vota no vice", mas precisamente isso. Se você não vê problema na Dilma continuar até 2018, não tem problema no Temer continuar também; você só pode achar boa ideia a saída do Temer se concordar com a saída da Dilma.
Realpolitk e não um suposto amor pela democracia que contraria isso.
(e nesses dias eu pessoalmente prefiro a Dilma terminando o mandato que o Temer já que não é pra ter novas eleições, mas enfim, não vejo assim a enorme diferença, todos esses assuntos dele como reforma na lei trabalhista e reforma na previdência já estavam sendo traçados no governo dela)
Os protestos do dia 31 foram o seguinte: você gosta menos do Temer ou da Dilma, embora seja a favor da saída de ambos?
Que uma questão relativamente inócua dessa gere violência contra a coitada da atriz mostra como que a polarização é mais por conta de pessoas que querem estar polarizadas pra ter alguma catarse de sua falta de representatividade do que por medo de uma ditadura ou mesmo por causa da corrupção.
Acho que o povo brasileiro em geral até aceita corrupção desde que sinta que o corrupto está do lado dele. O mesmo pra uma ditadura, infelizmente.
Felizmente, o remédio pra essa fúria toda é uma aproximação da política para com a população e maior transparência, o que também são medidas que ajudam contra autoritarismo e corrupção. (desculpa se me distraio e enveredo e tal, eu aproveito o ambiente meio "fora do mundo real" do NeoGAF pra desenvolver em semi-público um ou outro pensamento)
A questão que importa é: a bancada evangélica vai ficar desmoralizada entre os evangélicos? Afinal, são eles que elegem esses caras. Eu acho que não, aposto que a maioria vai acreditar que Cunha e Feliciano tão sendo perseguidos por sua religião.
Daí a necessidade de uma Marina Silva (diz o Rodrigo com síndrome de estolcomo já marcando de participar da próxima reunião com a Rede em sua cidade mesmo que estejam coligados com o PSDB).
O próprio PT só ganhou voz em áreas mais rurais, distantes da USP e dos sindicatos de metalúrgicos, por conta da ala "progressista" da Igreja Católica. Sem isso, eu acredito que estaria até hoje no mesmo patamar de um PCdoB da vida.
O Brasil não vai deixar de ser religioso nos próximos 10 anos; ou tem uma ponte entre gente como a gente com os evangélicos ou, sim, é isso mesmo, eles vão se isolar em teoria da conspiração e estamos vendo no Trump qual o resultado disso.
O bom da Marina que ela é o tipo zen que quase dobra como líder espiritual; se ela ganhar força e pedir pros evangélicos serem menos doidos, acho que eles ouvem. Por outro lado, se eles pedirem pra ela ser mais doida, sei lá o que acontece.
bah, eu concordo com um monte de coisas, mas falar em "pior presidente" e sei lá. Acho que mesmo a noção de ela ter quebrado a economia talvez seja exagerada. Há sem duvida essa impressão e 11% de desemprego não é nada do que rir, mas se a crise for mais de caráter financeiro (como a de 2008 no planeta todo) e não tanto por conta de contas públicas e investimento externo, que parece ser a teoria mais corrente, então a gente começa a sair dessa mais cedo que se esperava, porque é questão das linhas de crédito voltarem a ser saudáveis para as empresas voltarem a operar de modo realista.
O engraçado dessa visão do Minsky de como essas crises ocorrem é que a causa dela é justamente o fato de que o país estava otimista e se achando com a bola toda por conta das commodities. Isso leva o governo a gastar mais que pode, é verdade, mas também levam as empresas privadas a fazer dívidas e investimentos não compatíveis com a capacidade real do mercado. Nesse caso é só aguentar o tranco (se pá com ajuda de mais keynesianismo ao invés de mais austeridade) até o mercado reequilibrar e voltar a crescer de modo mais "realista".
